quinta-feira, 19 de março de 2009

Devaneios






As caminhadas sempre são
longas e nos trazem grande cansaço,
mas um ensinamento enorme...
E é isso...
Aprender, aprender e aprender...

Vivemos por adquirir experiências,
por aprender,
sofrer,
superar,
lutar,
chorar e colher os frutos.

Existem coisas que eu gostaria de dizer

coisas que estão dentro de mim e
não são fáceis de compreender.
Tenho vontade de encher o pulmão de ar e
soprar as nuvens lá do céu,
ou então voar bem alto,
como uma gaivota,
livre como o vento e
quando estiver bem lá em cima
fingir que as nuvens são feitas de algodão doce
e devorar todas elas com a certeza
de que todas serão refeitas em um piscar de olhos
ou com um simples sorriso.
Talvez a pureza dos loucos me lembre os limites da vida...
E apague em meu coração a descrença.
Sinto - me cansada,
gostaria que esta liberdade que me corrói por dentro
fosse um dia reconquistada
e que o medo da solidão se afastesse
fazendo com que o convívio comigo mesma se torne menos insuportável.
Que o espelho reflita em meu rosto
o doce sorriso que me lembro ter dado na infância...
Por que tudo que hoje sou é apenas uma lembrança do que um dia eu fui
e no meu coração tão intranqüilo tudo o que existe são só lembranças.
E o que significa isso, senão apenas um vazio, um grande e imenso vazio...
São verdadeiras as lágrimas,
são falsas as promessas,
e no entanto eu ainda creio nas pessoas e em tudo o que me cerca...
A incerteza tortura o meu corpo,
o medo destrói a minha alma
e a falta de amor consome a minha carne,
deixando - me em um estado profundo de angústia...
O que fazer quando o amor e a ternura são tudo pra mim
e nem um deles faz parte da minha vida?
Deito no frio, sinto este permanente vazio, sem mistérios, sem sombras.
Sofro toda manhã ao olhar o calor intenso que o sol produz
e saber que logo esta luz tão bela e cativante irá me deixar,
me entristeço ao entardecer quando vejo a escuridão se aproximar
e tão calmamente tomar conta de mim,
tornando tudo tão cinza e o céu não cooperando,
com tão poucas estrelas brilhando.
A Lua inconstante, me faz chorar,
porque sendo tão bela não pode comigo falar,
nem ao menos para me consolar...
Me sinto covarde perante você,
pois um dia pensei em desistir
e diante de ti deixei lágrimas minhas escorrer.
Mas acredito, hoje em dia na vida, no meu amor,
na minha rebeldia e em tudo isto que escrevo.
Palavras às vezes sem sentido,
soam aos meus ouvidos como lamentos de um coração muito sofrido.
Não sei nada sobre mentiras, muito menos sobre verdades...
Sei apenas que permanecerei sempre assim,
com dúvidas e incertezas,
chorando e sorrindo,
com a fascinação profunda de ser o que sou,
sem medo de acreditar em mim mesma
e com a certeza de que já posso acreditar nos outros,
como acredito em você!
Meus olhos hoje sem luz,
um dia voltarão a brilhar
e quando isso acontecer
poderei ver claramente no que sempre acreditei,
no que realmente sempre fez parte da minha vida,
talvez de onde tirei
e de onde continuo tirando forças para levantar-me todos os dias
enfrentando meus próprios medos,
buscando uma coragem que não tinha
e que com muita luta conquistei.
A venda que ofuscava minha visão impossibilitando-me de enxegar, caiu.
E agora posso dizer com certeza do fundo do coração
que descobri um sentimento maior do que todos que já senti...
Descobri a amizade
e esta que eu sinto por você é tão plena e absoluta
que supera todos os obstáculos impostos pelo destino,
sendo tão pura e sincera
que acredito ser mais do que tudo uma forma de amor
e sendo este o maior de todos os sentimentos existente,
nossa amizade se torna a mais terna demonstração de carinho,
um verdadeiro e forte laço de amor.

Precisando fazer uma faxina.....

Estava precisando fazer uma faxina em mim,
jogar alguns pensamentos fora, lavar alguns
tesouros que andavam meio enferrujados...
Tirei do fundo das gavetas lembranças que não uso mais.
Joguei fora alguns sonhos, algumas ilusões...
Papéis de presente que nunca usei, sorrisos que nunca darei.
Joguei fora a raiva e o rancor das
flores murchas que estavam dentro de um livro.
Olhei para meus sorrisos futuros,
minhas alegrias pretendidas e as coloquei num cantinho,
bem arrumadinhas...
Fiquei sem paciência!
Tirei tudo de dentro do armário e fui jogando no chão:
paixões escondidas desejos reprimidos palavras horríveis que nunca queria ter dito.
Mas, lá havia também outras coisas...
e belas!
Um passarinho cantando na minha janela,
aquela lua cor de prata, o pôr do sol...
Fui me encantando enquanto olhava para cada uma daquelas lembranças.
Sentei no chão para fazer minhas escolhas.
Joguei direto no saco de lixo os restos de um amor
que me feriram e palavras de raiva e de dor que estavam na prateleira de cima.
Ah,
fui também visitar aquele cantinho da gaveta que a
gente guarda tudo o que é mais importante: o amor, a alegria, os sorrisos...
Ah,
como foi bom relembrar! Recolhi com carinho o amor encontrado,
dobrei direitinho os desejos,
coloquei perfume na esperança,
passei um paninho na prateleira das metas e as deixei bem à mostra,
para não perder nenhuma de vista.
Coloquei nas prateleiras de baixo algumas lembranças
da infância, na gaveta de cima, as da minha juventude e,
pendurado bem à minha frente,
a capacidade de amar e de
recomeçar um lindo dia de paz e amor.

Apenas mais um dia...

Mais uma hora...
Mais um segundo...
E estamos diferentes.
O que fomos é passado,
Já não somos.
Contudo, ainda resta a esperança...
Mas somente se nos for concedido...
Apenas mais um dia.


"A Receita"

Houve um tempo em que eu pensava que o amor era um bolo pronto, quente, com recheio de chocolate, qualquer coisa deliciosa e simples que encontramos sobre o café da manhã de um sábado de sol.
Eu pensava que encontraria o meu amor assim, pronto, lindo cheiroso, com um luminoso na testa piscando: "alma gêmea, alma gêmea, alma gêmea". Daríamos as mãos e sairíamos andando juntos, como ficaríamos até o envelhecer.
Eu não contava com dúvidas, medos, questionamentos, muito menos com a -hoje provável -possibilidade de mudar de idéia. Para mim o amor viria pronto para saborear, em caixinha, falaria conforme o script e não deixaria sequer um rastro de confusão ou tristeza na minha cabeça tola.
Antes, não havia a construção do amor. Havia o amor.
Mas eu me enganei.
O amor, se existir, não vem pronto. Se for um bolo de chocolate há de vir os ovos, a farinha o fermento. Com sorte virá uma receita por escrito. Normalmente não...
Ainda assim há de ter paciência para ver o bolo dourar, crescer, assar.
Há de ter sensibilidade para que não passe da hora, atenção para não deixá-lo queimar. E depois disso tudo, esperar esfriar, e ter um pouco de fome para saborear.
O amor, se existir, pode levar anos para estar pronto, uma vida inteira para, talvez, no final, percebermos que não assou, que estragou, que desmanchou no forno. Era pra ser amor, mas queimou, diremos cabisbaixos. Ou então, jovens demais, olharemos ofegantes: Era pra ser amor, mas está cru.
Talvez algumas vezes pareça que está pronto, o bolo. Apetitoso, cheiroso... Porém ao experimentar diremos: Ihh tá com gosto de farinha, mas era pra ser amor.
Ou então acontece de o bolo sair bom, tiramos uma garfada e vibramos satisfeitos: Achei! - Mas daí, quando vamos desenfornar, o bolo desmancha. Você fica lá, tentado juntar, ajeitar, mas o que era pra ser amor, está em pedaços....
Ah talvez por isso percamos a fome, nos cansamos e nos contentamos com qualquer coisa mais ou menos, sem recheio, sem gosto, sem açúcar... Eu, tenho escutado o padeiro dizer: Amor não tem mais não. Se quiser, leva esse aqui...
E lá vou eu carregando a sacolinha do bolo pulmman. Meio velho, frio, sem gosto. É só pra não morrer de fome mesmo...

Será possível viver um relacionamento puro?

Será que vocês conhecem, ou já ouviram boatos de alguém que viveu um relacionamento puro?
Puro é viver sem mentiras, sem máscaras, sem joguinhos. Puro é poder dizer o que pensa sem medo, e fazer a cara que quiser, e se vestir como bem entender.
Eu sempre quis viver um relacionamento assim, e, só agora, percebo que talvez seja impossível.
Numa relação não se pode dizer tudo. Será que não podemos ser nós mesmos pra sempre? E talvez nem mesmo por uns dias?
Tenho ouvido dizer que não. Que a mulher precisa ser forte, porque nós somos as maiores responsáveis: "Se a mulher souber levar, ela ganha o rapaz direitinho" é o que dizem as mais velhas. Pode parecer bom, porém temo que custe caro demais. Pra mim é um preço tão alto ter de ser sempre forte, ter de fingir e forjar por um segundo sequer. E talvez seja por isso que nunca dá certo. Sou honesta ao extremo, sou inteira e, quando acredito, lá se vão as máscaras, fico sem maquiagens, nua e inteira diante do outro.
Ah não pode...
Será?
Vocês aí, será que alguém conhece algum relacionamento onde podemos nos apresentar ao outro de forma verdadeira? "Ei, essa sou eu" diria. "Sou chata e ciumenta, e tenho rinite. Sou alérgica a tudo, menstruo muitos litros de sangue por mês, não gosto dos animais e tenho medo de ficar sozinha pra sempre" Será possível? Não no primeiro dia, talvez nem no primeiro ano. Mas que um dia, quando acontecer, não precisemos esconder. As pessoas ficam juntas por anos, décadas, deveriam poder se mostrar. Elas sentem ciúmes, inseguranças, dores de barriga... Porque não podem dizer???
"Estou com medo. Estou com medo de te perder, porque a Joana parece que gosta de você e meu coração se aperta de pavor quando penso que talvez ela seja melhor do que eu..." Puxa, não podemos dizer isso sem que o outro se sinta poderoso demais né? Será que podemos ser frágeis sem que a fragilidade nos torne fracos?
Minhas mãe diz que não. Muitos dizem que não. Nascemos só e morremos só. Fazemos cocô e xixi sozinhos, não há como ser possível dividir-se sempre, com alguém....
Há algo que deve ser preservado, escondido, ainda que doa. Porque dói um tanto. Engolir seco, sorrir amarelo, estufar o peito, sair andando. Quando queremos nos encolher e chorar, gritar e agarrarmos forte.
Dói, sermos outra, quando queríamos ser nós mesmas. Dói o peso das máscaras, quando o rosto já está cansado.
Dói os aromas artificiais, como as gelatinas coloridas, como o gosto ruim dos chicletes azuis.
Eu não queria um relacionamento com sabor de chiclete azul....eu não queria fandangos...
Mas talvez, talvez se não aceitar esses alimentos, é possível que a fome nunca me seja saciada, e eu venha a morrer de tédio, de fome, de verdades.

Quero um amor!


Quero um amor, de qualquer jeito, de qualquer cor.
Esse amor pode ser alto ou baixo loiro ou moreno,
de nariz grande ou pequeno...
Quero um amor encantado,
sorridente e assanhado.
Ele pode ter cabelo longo, pode ser até curtinho,
pode ter olhos grandes ou pequeninos...

Quero um amor de voz rouca,
de olhar sensual e infernal...
Tem que ser um amor cheio de personalidade,
cheio de encanto e vivacidade...
Procuro um amor descontraído,
louco e atrevido...
Quero um amor infantil, que brinque comigo,
me leve ao delírio e me deixe em perigo.

Quero um amor louco, alucinado,
que não se prenda ao passado...
Preciso de um amor que me encha
de ciúme e depois me cubra de perfumes...

Quero um amor simples ou importante.
Um amor pra fazer comigo bolinhas de sabão,
pegar na minha mão,
sorrir do meu sorriso e acreditar no que digo.

Quero um amor intempestivo, que fuja comigo,
que me lace nos seus braços com seus abraços.
Preciso de um amor estonteante,
daqueles arrepiantes...
um amor que saiba dançar,
cantar e chorar.

Quero um amor, viu?